quinta-feira, 22 de junho de 2017

Há 30 anos o a-ha lançava The Living Daylights

Single alcançou a quinta posição das paradas britânicas

Em 22 de junho de 1987, o a-ha entrava para o seleto grupo de bandas (e artistas) com uma música gravada para a trilha sonora de um filme de James Bond. Foi nessa data que a banda lançou o single de The Living Daylights, tema de “007 Marcado para a Morte”, 15º longa da franquia. Composta originalmente por Paul e Mags, a canção tornou-se hit em vários países, alcançando o quinto lugar das paradas do Reino Unido e o primeiro da Noruega, onde permaneceu no Top 100 por nove semanas. É até hoje a única música-tema de James Bond tocada por um grupo não oriundo do Reino Unido ou EUA.

A escolha do a-ha para produzir a trilha de 007 não se deu, claro, por acaso. Com o estrondoso sucesso dos álbuns Hunting High and Low (1985) e Scoundrel Days (1986), a banda não só chamou a atenção do mundo todo, mas também da indústria cinematográfica. Nesse período, o americano Albert R. "Cubby" Broccoli, produtor dos filmes do agente secreto, procurava um novo nome de peso para compor a trilha de 007. A equipe dele entrou em contato com várias bandas e artistas, até contactarem o a-ha.

Em sua autobiografia My Take on Me, recém-lançada no Brasil, Morten dedica um capítulo para The Living Daylights. No livro, ele fala sobre a relação conturbada com a produção do filme. “Começou quando o pessoal de Broccoli entrou em contato conosco. Em vez de nos oferecerem o trabalho sem rodeios, fomos solicitados a apresentar uma ideia para a canção. Terry Slater (empresário da banda na época) rejeitou a proposta. Disse que o a-ha não participaria desse tipo de teste. Ou queriam que compuséssemos a canção ou não. Era uma questão de confiança”.

Capa alternativa do single, que chegou ao 1º lugar na Noruega

Depois de muitas idas e vindas, com a produção do longa insistindo por uma música (mesmo sem contrato) e o a-ha recusando, o acordo foi finalmente fechado e a banda oficialmente escolhida para compor o tema. Para trabalhar com o grupo foi escalado, mais uma vez, o compositor britânico John Barry (1933-2011), responsável pelas trilhas de praticamente todos os filmes de 007 produzidos até aquele ano.

O primeiro encontro entre o a-ha e John Barry ocorreu no dia 19 de janeiro de 1987. Nessa data, a banda realizou uma apresentação na região de Croydon, ao sul de Londres, como parte da primeira turnê mundial do grupo, iniciada sete meses antes. Barry, provavelmente interessado em ver o desempenho do grupo com o qual trabalharia, estava no show. O que muita gente não esperava, porém, é que a relação entre o a-ha e o compositor também fosse conturbada.

“Paul e Magne compuseram uma canção e achamos que estava boa, mas então John Barry se envolveu e insistiu em modificá-la”, declarou Morten na autobiografia. Para o vocalista, a música não precisava de mudanças, pois a banda estava satisfeita com o resultado. O objetivo de Barry, segundo Morten, era também ser creditado como um dos compositores de The Living Daylights. “Assim, o nome de Magne fora removido dos créditos e substituído pelo de John Barry. Tudo virou uma questão de política. Se Magne tivesse mantido sua posição, eu o teria apoiado. Porém, relevamos o fato”.

John Barry com o a-ha e as três Bond Girls em 1987

Em 14 de maio de 1987, “007 Marcado para a Morte” foi exibido pela primeira vez no Festival de Cannes. No dia 29 de junho, o longa estreou em Londres em uma cerimônia com a presença do Príncipe Charles e da Princesa Diana. Como estava em turnê pelo Japão, o a-ha não pôde comparecer ao evento.

“O pessoal do filme ficou ofendidíssimo. Nossa atitude foi interpretada como arrogância, o que não era verdade. O resultado foi que tiraram a canção do fim do filme e a substituíram por outra música - dos Pretenders: If There Was a Man. Acredito que foi a primeira vez que um filme de James Bond teve canções diferentes nos créditos iniciais e nos finais”, conta Morten na biografia.

Em entrevista à revista Hot Rod Magazine, em fevereiro de 2003, Mags disse que a “lendária luta” do a-ha com Barry deixou um sabor um tanto desagradável. “Aparentemente ele nos comparou à Hitler-jugend (Juventude Hitlerista) em entrevista a um jornal belga”.

Após os desentendimentos com o compositor, a banda decidiu retrabalhar The Living Daylights. Criou novos arranjos, agora com mais sintetizadores e sem a característica orquestra de Barry, e relançou a música no álbum Stay on These Roads (1988).

Clipe da música utilizou efeitos considerados inovadores para a época

CLIPE - Dirigido pelo irlandês Steve Barron, o clipe da música foi rodado no Albert R. Broccoli 007 Stage, localizado dentro dos estúdios Pinewood em Buckinghamshire, Inglaterra. Até aquele momento, Barron já havia dirigido cinco vídeos da banda: Take on Me (1985), The Sun Always Shines on TV (1985), Hunting High and Low (1986), Cry Wolf (1986) e Manhattan Skyline (1987).

Para o clipe de The Living Daylights, foram utilizados efeitos considerados inovadores para a época, como a inserção de elementos do filme sobre a imagem da banda, com carros cruzando a tela e armas apontadas para o grupo que davam uma ideia de tridimensionalidade. No YouTube é possível conferir um vídeo com os bastidores do clipe.

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