segunda-feira, 8 de março de 2010

Confira entrevista de Paul ao Jornal da Cidade


Em entrevista ao Jornal da Cidade, de Bauru (SP), Paul adiantou detalhes da apresentação desta terça-feira (9) no Alameda Quality Center. Na entrevista, o guitarrista também falou, entre outras coisas, da turnê de despedida, do público brasileiro e do álbum Foot of the Mountain. Clique no link Leia mais, logo abaixo, e confira a íntegra da entrevista.


JC - O que os fãs devem esperar desta última turnê?

Paul - Estamos com uma produção muito especial e diferenciada. Há um ar de “tecnologia” na produção do show e é como se fizéssemos um passeio pelas décadas de 80 e 90, que foram marcantes em nossa carreira.

JC – Quais os sucessos que não faltarão neste show?

Paul - A cada turnê é mais difícil de decidir a setlist, já que há muitas canções para escolher de diferentes álbuns. Vamos tocar aquelas que o público gosta de ouvir, que marcaram nossa carreira, mas sempre fica algo para trás.

JC - O a-ha tem muitos hits. Antes de lançar um álbum, é possível imaginar quais serão as canções preferidas pelo público?

Paul - Algumas músicas acabam fazendo sucesso por acidente. Às vezes somos surpreendidos porque aquela canção que imaginávamos ser sucesso de público não emplaca, e de repente o público elege outra faixa como sua favorita e a coloca nas paradas.

JC - O que esta última turnê representa para vocês? Como ela se diferencia das outras?

Paul - Nesta turnê faremos muitos shows. Acho que será a mais longa de nossa carreira, pois ficaremos o ano todo na estrada. Tentamos voltar para os países em que já estivemos para prestigiar o público. Ao mesmo tempo em que é estranho, por ser a última turnê, é extremamente gratificante para nós porque os fãs sempre nos dão aquela sensação de que significamos algo para eles e isso traz um sentimento único e muito bom.

JC – Quais são as expectativas da banda com o público brasileiro?

Paul – As turnês que mais nos lembramos são as da América do Sul e os momentos em que estivemos no Brasil são muito especiais para nós. É até um pouco engraçado porque sempre fazíamos mais shows na Europa e na América do Norte, mas começaram a nos falar que fazíamos muito sucesso no Brasil e que deveríamos incluir o país nas turnês. Quando finalmente visitamos o Brasil, ficamos impressionados com o carinho, a atenção e a quantidade de fãs que tínhamos aqui. Para mim, a primeira vez em que tocamos no Brasil foi particularmente especial porque foi como se estivéssemos tocando ao vivo pela primeira vez. O público era diferente e nos deu outra sensação porque nunca havíamos nos apresentado em um estádio tão grande e aberto. Então isso mudou muita coisa na maneira como nos apresentávamos.

JC – O que vocês mais gostam do Brasil?

Paul – É difícil competir com o público brasileiro. Vocês são muito passionais, carinhosos e têm uma energia única. Lembro que ficamos impressionados com esta apresentação no Rock in Rio II que mencionei, pois houve gente que ficou na fila em pé, por mais de nove horas e ainda tinha energia para cantar e pular no show. Isso é surpreendente. O brasileiro se doa por completo e acho que não encontramos essas características em nenhum outro lugar do mundo. Digamos que cada país tem um “sabor” e o “sabor” brasileiro é muito marcante.

JC – Qual o segredo de uma carreira consolidada, de tanto sucesso?

Paul – Eu diria que o material é tudo. Se você não tem boas músicas não conseguirá ter uma carreira sólida. É necessário inovar, buscar outras coisas e se envolver com aquilo que te traz paixão para poder produzir algo novo e não ficar na mesmice porque o público se cansa.

JC – O a-ha revolucionou a música e até hoje é inspiração para várias bandas. Como vocês se sentem em relação a isso?

Paul – Nos anos 90 nós demos uma pausa e quando retomamos, tudo estava diferente. Nos sentimos um pouco por fora do que estava acontecendo e as pessoas estavam curtindo outras bandas. Nos anos 90 vários artistas eram criticados, mas nós voltamos e recebemos críticas positivas, então é legal saber que seu trabalho serviu de inspiração para outras pessoas. Quando eu era novinho, tinha minhas bandas favoritas, aquelas que me inspiravam e elas contribuíram muito para o meu trabalho, então é muito gratificante saber que, de alguma forma, eu ajudei alguém.

JC – Em que o a-ha de hoje é diferente do a-ha do passado?

Paul – Hoje temos uma tranquilidade de saber que quando algo dá certo, simplesmente dá certo. Fazemos experimentações do que funciona e o que não funciona em uma música e hoje temos essa sensação que nos conduz em nossa música. É algo que adquirimos com o tempo.

JC – Quais as principais mudanças pelas quais vocês passaram nesses 25 anos de carreira?

Paul – Quando começamos a carreira e fomos pra Inglaterra, não tínhamos nada. Alugamos um estúdio que tinha apenas um instrumento e uma bateria eletrônica e isso era nosso som. Antes disso éramos uma banda independente cuja música durava dez minutos e não tinha refrão, mas a moda na Inglaterra era o pop e isso nos inspirou nos dois primeiros álbuns. Depois disso meio que voltamos ao passado e produzimos canções mais longas. Quando nos separamos, cada um acabou trabalhando em projetos solo e isso contribuiu muito para o novo a-ha. As letras das músicas geralmente são sobre situações que enfrentamos em nossas vidas, então é possível perceber coisas que estão acontecendo conosco naqueles momentos. Neste último álbum, Foot of the Mountain, houve uma influência do Morten para que produzíssemos algo meio tecnológico como fizemos no início da carreira.

JC – Seu último álbum, Foot of the Mountain, foi bastante aclamado pela crítica. Há um retorno do synth pop, presente no início da carreira do a-ha. Por que retomar esse estilo agora?

Paul – Algumas pessoas acham que esse som tem a ver com nossa origem norueguesa por causa da gaita, mas o synth pop, que mistura os teclados com sintetizadores, combina demais com o tipo de voz do Morten, o vocalista. Nós temos a liberdade de compor qualquer tipo de música porque a voz dele é incrível. Ele alcança vários tipos de nota e nosso som é uma combinação disso tudo. Quando começamos não tínhamos muita estrutura tecnológica para produzir os ritmos, então meio que usamos a intuição e o resultado é o que vocês conhecem.

JC – Por que terminar a carreira agora?

Paul – 25 anos de carreira é muito tempo! Somos privilegiados porque muitas bandas não duram mais do que dez anos. Eu acho que agora cada um de nós quer buscar algo novo e desconhecido. Se continuássemos com o a-ha por mais 20 anos, não seria novidade para nós. Queremos sentir aquele frio na barriga de algo desconhecido novamente.

JC – Há uma chance da banda se reunir novamente no futuro?

Paul – “Para sempre” não existe. Nada é eterno. Não sabemos o que pode acontecer no futuro. Não vou dizer que nunca mais nos reuniremos como a-ha, mas no momento estamos nos despedindo sim.

JC – O que vocês pretendem fazer de agora em diante?

Paul – Quero muito continuar compondo e trabalhando com música, cooperando com novos artistas. Talvez eu forme uma nova banda. Tenho escrito músicas e depois verei o que fazer com elas. O Magne (tecladista) formou outra banda e eles até lançaram um álbum, mas acho que nenhum de nós decidiu exatamente o que fazer no futuro porque ainda temos muito trabalho a fazer nesta última turnê. Com certeza a música continuará em nossas vidas.

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