Lançado em 3 de maio de 1988, disco vendeu mais de 4 milhões de cópias |
O álbum de maior sucesso do a-ha no Brasil completou 30 anos. Em 3 de de maio de 1988 a banda lançava o Stay on These Roads, o terceiro trabalho de estúdio do grupo. “O peso do a-ha no mercado consumidor de discos é considerável, e os números são reveladores: 600 mil exemplares do LP Stay on These Roads, do ano ano passado, já foram vendidos no Brasil”, publicou o jornal Folha de São Paulo em março de 1989. O sucesso do álbum por aqui deu à banda o disco de platina tripla - ficou entre os dez mais vendidos por sete meses seguidos - e tornou o trio um verdadeiro fenômeno em todo o país. “O a-ha se tornou uma das grandes sensações da música pop na Europa e também no Brasil, onde é hoje campeão de vendagem de discos”, publicou a revista Veja em 89.
Se o álbum foi um sucesso absoluto no Brasil, em outros países não foi diferente. Vendeu mais de 4 milhões de cópias em todo o planeta e alcançou marcas expressivas: foi disco de platina na França e disco de ouro no Reino Unido, Suíça, Holanda e Alemanha. Alcançou a segunda posição do Top 100 europeu dos discos mais vendidos. Quatro dos seis singles do álbum foram Top 25: Stay on These Roads, The Blood That Moves the Body, Touchy! e You Are the One. Somente a faixa título foi número 1 na Noruega e ficou entre as cinco mais no Inglaterra, França, Áustria e Irlanda. No Brasil, também foi a mais tocada nas rádios.
“Há boas canções no álbum, mas não tantas como em Scoundrel Days”, declarou Paul no livro The Swing of Things (2010). “Morten e Magne fizeram um grande trabalho na faixa título. The Blood That Moves The Body também foi boa. Também gosto da versão de The Living Daylights e de There's Never a Forever Thing, que escrevi para Lauren quando seu padrasto morreu”, completou o guitarrista. Essa última canção, por sinal, recebeu um tratamento especial no Brasil, sendo promovida pela gravadora nas principais FMs do país e tornando-se um sucesso por aqui.
Capa do single de The Blood that Moves the Body |
Para Mags, o Stay on These Roads foi um álbum difícil de fazer. “A relação com o Tarney estava começando a ruir. Nós estávamos ansiosos por novos impulsos. Paul esteve meio desinteressado durante a maior parte das sessões de gravação, mas eu me lembro de como ficamos impressionados quando ele nos mostrou Out of Blue Comes Green”.
A pessoa a quem Mags se referiu é o inglês Alan Tarney, produtor dos três primeiros discos do a-ha e que mais recentemente retomou a parceria com a banda no álbum Cast in Steel (2015). No livro, Paul afirmou que o grande erro do a-ha foi ter voltado a trabalhar com ele em 1988. “Já no Scoundrel Days notamos que ele estava preso à velha fórmula. Ele é muito experiente e pode fazer de tudo, mas estava preso em sua fórmula de trabalho e não havia maneira de conversarmos com ele sobre isso, pois simplesmente não nos dava ouvidos”, lembra Paul.
Na época, a banda pediu à gravadora outro produtor, o que acabou não ocorrendo. “Dois dias antes de irmos para o estúdio, eles (os executivos da WEA) nos disseram que não havia ninguém para trabalhar conosco, o que era uma completa mentira. Eles simplesmente não queriam que a gente desviasse da fórmula que deram a eles hits como Take on Me e The Sun Always Shines on TV”, disse o guitarrista de forma incisiva.
Capa do single de Touchy! |
Na autobiografia My Take on Me (2017), Morten também falou sobre a produção do disco. “Enquanto Scoundrel Days tinha mais a cara do a-ha, Stay on These Roads pareceu mais uma colaboração entre nós e Alan Tarney, e perdeu algo ao longo do processo. Foi o terceiro álbum no qual Alan se envolveu, e houve a sensação clara de que era o mais longe que podíamos ir com ele. Era o fim de um capítulo, musicalmente falando. Embora tivéssemos desacordos sobre a direção de Alan, muito daquilo também resultava das tensões entre mim, Magne e Paul”.
“Recordo-me de me aproximar do piano e logo cantar o que se tornaria a melodia do coro para aqueles acordes. Tudo aconteceu de modo muito rápido e fácil, tanto que Paul se aproximou, batendo palmas lentamente e sorrindo. A partir daquela melodia, Paul criou a letra. Como Take on Me, Stay on These Roads tornou-se uma das raras canções dos primeiros anos em que nós três contribuímos com alguma coisa da composição. E permaneceu como uma das canções fundamentais da banda”, disse.
Capa do single de You Are The One |
Mags também recorda do processo de composição de Stay on These Roads. “Foi uma canção que, diferente do normal, eu mostrei ao Morten primeiro, no apartamento de Paul. Morten teve uma brilhante sugestão para uma mudança no refrão. Paul se mostrou entusiasmado e bateu palmas quando ouviu o que estávamos fazendo. Essa canção tinha potencial para ser a melhor que eu já escrevi. Se a letra fosse um pouco melhor e a produção não fosse tão soft rock, teria sido realmente excelente”, disse o tecladista no livro The Swing of Things.
Paul afirmou: “A faixa título foi realmente chamada de Sail on my Love e Morten sentia dificuldades para atingir o tom mais alto na forma correta. Então quando percebemos que a letra não estava ajudando, nós tivemos que modificá-la com algo que soasse semelhante, usando as mesmas vogais, para que ele pudesse cantar a parte alta do jeito que ele praticava, então não foi uma canção fácil para se escrever a letra”, disse o guitarrista. Parte do processo de composição da música, quando ainda se chamava Sail on my Love, pode ser conferido no YouTube.
No livro, Mags também falou de outras canções do álbum. “Touchy é melhor no clipe. Eu gosto de Hurry Home também, mas novamente foi uma briga contra a produção. You Are The One é realmente uma boa canção, cheia de floreios melódicos. É uma canção em que eu e o Paul vemos qualidades, diferente de muita gente”, disse o tecladista.
Capa do vinil distribuído pela WEA às principais rádios do país para promover, em 1989, a faixa There's Never a Forever Thing |
A turnê do Stay on These Roads, iniciada em março de 1988, passou por 74 cidades em dez países, incluindo a primeira passagem da banda pelo Brasil. Em março de 89, o grupo fez três apresentações em São Paulo e duas no Rio de Janeiro, encerrando a turnê com chave de ouro.
Em outubro de 2015, o a-ha lançou uma edição especial do álbum, intitulada Deluxe Edition. Além do disco original remasterizado, o lançamento incluiu um CD extra com muito material raro, contendo músicas demo e versões alternativas nunca antes divulgadas.
Um comentário:
parabens ao album, stay....
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